Quintas de Poesia Clandestina | Ribafria
Sessões de Poesia
Pela ARAF - Associação Reunião de Apócrifos Foragidos
TRANSMISSÃO EM DIRECTO nas páginas de Facebook da Fundação Cultursintra FP (facebook.com/cultursintra) e da Quinta da Regaleira (facebook.com/quintadaregaleira). Contamos consigo desse lado!
2 e 23 JUL | 6 e 20 AGO | 3 e 17 SET 2020
Quintas 21h30
As Quintas de Poesia Clandestina na Quinta da Ribafria são um ciclo de seis sessões de poesia, que decorrem entre julho e setembro de 2020, no âmbito do Projecto Atrito. Este ciclo tem em vista a celebração dos vinte e cinco anos da classificação de Sintra como Património Mundial, na categoria de Paisagem Cultural. Incide, portanto, sobre a obra de autores, nacionais e estrangeiros, com uma ligação ao concelho, explorando a diversidade de temperamentos, vivências e linguagens invocados nos textos. As leituras são acompanhadas por sonoplastia e videoarte.
SESSÃO 1 – 2 JUL
STEFAN ZWEIG E FERREIRA DE CASTRO
A primeira sessão do ciclo Quintas de Poesia Clandestina é dedicada a Stefan Zweig e a Ferreira de Castro. Nesta sessão, a assombrosa narrativa do Dr. B., personagem de Stefan Zweig que esteve aprisionada durante meses num quarto vazio, entrecruza-se com as impressões de Alberto, protagonista de A Selva de Ferreira de Castro, a bordo de um navio que o levará para o interior da Amazónia, para extrair borracha num seringal sob condições deploráveis.
Stefan Zweig (Viena, 1881 – Petrópolis, 1942) foi um dos mais importantes escritores europeus da primeira metade do século XX. De ascendência judaica, decidiu exilar-se em 1934 da Áustria, então sob domínio do regime fascista de Dollfuss. Viveu em Inglaterra, nos Estados Unidos da América e, finalmente, no Brasil, onde se veio a suicidar, insatisfeito com o crescente autoritarismo na Europa e sem esperança no futuro colectivo da humanidade. Visitou Portugal várias vezes, com o propósito de recolher dados para a sua biografia de Fernão de Magalhães. Em 1938, reencontrou, em Sintra, Ferreira de Castro, que conhecera em Paris anos antes e cuja obra A Selva nunca cessou de louvar.
José Maria Ferreira de Castro (Oliveira de Azeméis, 1898 – Porto, 1974), oriundo de uma família de camponeses pobres, emigrou com doze anos para o Brasil, com o intuito de sustentar a família após a morte do pai. Trabalhou durante quatro anos no seio da selva amazónica, no seringal Paraíso, onde completou o primeiro romance aos catorze anos. De regresso a Portugal em 1919, viveu períodos de absoluta miséria, passando dias inteiros sem comer. Manifestou o desejo de que os seus restos mortais permanecessem em Sintra, que acolhe também hoje, para além deles, um museu e uma escola secundária com o seu nome.
--
Sessão 2 – 23 JUL
JAIME ROCHA E THOMAS BERNHARD
Deambulação pelos tortuosos caminhos que se adivinham nas visões lucidamente agrestes de Thomas Bernhard e no cosmos contido, simultaneamente rarefeito e saturado, densamente poético, de Jaime Rocha.
Sessão 3 – 6 AGO [ sessão esgotada ]
EÇA DE QUEIRÓS, FERREIRA DE CASTRO E RUBÉN DÁRIO
Exploração das vivências variegadas contidas numa refeição: signo de hierarquia e estatuto social, de lei ou carnificina, de sensualidade, civilização, animalidade, de abastança ou privação.
Sessão 4 – 20 AGO
JORGE TELLES DE MENEZES, FRANCISCO COSTA E LORD BYRON
Evocação das paisagens abundantes de Sintra, férteis em amor e religião, a partir da poesia romântica de Byron, da linguagem mística de Jorge Telles de Menezes e da devoção austera e límpida de Francisco Costa.
Sessão 5 – 3 SET
EÇA DE QUEIRÓS E WILLIAM WORDSWORTH
Exploração do lirismo singelo de Wordsworth no contraste com o humor altivo, a expressão nítida e minuciosa de Eça de Queirós, num desvelamento daquilo que aparta e aproxima estes dois expoentes de tradições literárias antagónicas.
Sessão 6 – 17 SET [ sessão adiada para dia 22 OUT ]
MARIA ALMIRA MEDINA E SAMUEL TAYLOR COLERIDGE
Jornada náutica dirigida pelo infausto, velho marinheiro que trespassou o albatroz com uma flecha numa hora de tempestade, interpelado pela poesia desafogada e solar, com matizes sociais, de Maria Almira Medina.
--
Projecto Atrito
O Projecto Atrito surgiu em 2017, a partir do ciclo literário Terças de Poesia Clandestina em Lisboa, com o intuito de promover a literatura nacional e internacional noutras áreas do país. Nesse sentido, já se realizaram sessões públicas em Elvas, Seixal, Setúbal, Cascais e Ovar.
Estas sessões distinguem-se pela fusão entre palavra, imagem e som, com leituras acompanhadas por sonoplastia e videoarte, bem como pela exploração da potencialidade poética de textos em prosa.
Associação Reunião de Apócrifos Foragidos (ARAF)
É uma associação cultural sem fins lucrativos que tem por objetivo apoiar a dinamização do panorama cultural português através da música e da literatura. Este propósito tem sido concretizado através da realização de sessões de poesia públicas e da publicação da revista Apócrifa – Projecto Literário em Curso, com trabalhos de escritores e artistas visuais emergentes.
FICHA TÉCNICA
Direção Artística: Vasco Macedo
Curadoria e produção: Beatriz de Almeida Rodrigues
Actores: Clara Marchana, Cláudia Faria, Cirila Bossuet, Bernardo Souto, Filipe Araújo, Frederico Coutinho, Miguel Moisés e Rui Mário
Sonoplastia: Nuno Vicente (Dragão Inkomodo)
Videoarte: António Caramelo
Foto: Fábio Batista Photography