Concerto “Rei Trovador”

Pela The Wandering Bard Ensemble
Na Quinta da Regaleira
O concerto Música do Rei Trovador presta homenagem a D. Dinis, assinalando os 700 anos da sua morte, que se cumprem em 2025. Esta apresentação distingue-se por dar voz às cantigas originais do próprio rei — composições que chegaram até nós através de um manuscrito raro, descoberto apenas em 1990, o Pergaminho Sharrer. Os medievalistas Esin Yardimli Alves Pereira e Ricardo Alves Pereira desenvolveram um rigoroso trabalho de investigação e transcrição moderna da notação musical, bem como de recuperação das letras originais, a partir do manuscrito, deixando assim a sua marca na história deste precioso documento. A obra de D. Dinis é interpretada pelo ensemble de música antiga The Wandering Bard, em formação de sexteto, com instrumentos históricos e canto em galaico-português — a língua original das cantigas. Este concerto oferece ao público a rara oportunidade de descobrir e vivenciar a emoção e a criatividade musical do Rei Trovador.
THE WANDERING BARD ENSEMBLE
Esin Yardimli Alves Pereira: direção, vielle
Ricardo Alves Pereira: direção, oud
Jorge Luis Castro: canto
Rosário Tormenta: canto
Baltazar Molina: percussão
Orlando Trindade: instrumentos vários
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Bilhetes à venda (brevemente): Bilheteira da Quinta da Regaleira, regaleira.byblueticket.pt e nos postos de venda Blueticket
Duração: 60 minutos aprox.
Recomendado a M/6
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THE WANDERING BARD ENSEMBLE, Ensemble de Música Antiga
Fundado em 2018 pelos músicos premiados internacionalmente, Esin Yardimli Alves Pereira e Ricardo Alves Pereira, The Wandering Bard tece a essência da música antiga com a intemporal tradição da narração de histórias. Inspirando-se nos trovadores e bardos —uma homenagem ecoada no seu próprio nome— o ensemble apresenta um repertório desenvolvido através de uma lente historicamente informada, enriquecido por narrativas cativantes, tornando os seus trabalhos em viagens encantadoras. O grupo dá vida a obras de compositores conceituados da música antiga e mestres anónimos dos séculos XII a XVIII. Cada arranjo é uma criação única meticulosamente trabalhada por TWB, mantendo-se fi el à era de origem e preservando a sua essência histórica. The Wandering Bard colabora em palco com percussionistas, cantores e coros adequados ao repertório que executam; focando maioritariamente no repertório medieval e renascentista. Para além de se ter apresentado em muitos festivais de músicas do mundo e de música antiga em Espanha, Holanda, Inglaterra e Portugal, The Wandering Bard lançou 6 álbuns que são apreciados por milhares de pessoas em todo o mundo, tendo ultrapassado mais de um milhão de reproduções em plataformas online de streaming the música. Esin e Ricardo são fundadores e diretores do Ciclo de Música Medieval de Leiria e do Dias de Música Medieval da Batalha, onde proporcionam workshops históricos dedicados à música medieval, e onde apresentam concertos de The Wandering Bard, convidando artistas especialistas a participar. Os dois músicos com o seu ensemble, têm investigado minuciosamente manuscritos históricos de música medieval ibérica, tendo apresentado ao público mais de cem Cantigas de Santa Maria de Alfonso X, o Sábio, obras do Livro Vermelho de Montserrat, Cantigas de Amigo na sua íntegra de Martin Codax, e cantigas seculares de vários trovadores e jograis da península ibérica. A sete de janeiro de 2025, dia que assinalou os setecentos anos após a morte de D. Dinis, o Trovador, The Wandering Bard estreou a investigação musical de Esin e Ricardo sobre a sete Cantigas de Amor atribuídas ao Rei-Poeta, recuperadas a partir do Pergaminho Sharrer, o qual também em 2025 se comemoram 35 anos da sua descoberta.
ESIN YARDIMLI ALVES PEREIRA, vielle
Multi-instrumentista, investigadora, produtora e escritora, Esin Yardimli Alves Pereira é uma música dedicada a várias plataformas de produção artística. Esin atua, compõe e produz em estilos que vão da música antiga ao jazz, tocando na maioria de instrumentos que se assemelham pelo menos a um violino. Entre um variado leque, os grupos e orquestras nos quais Esin participou ao longo de 15 anos, seja como membro de banda/orquestra ou como músico convidado, incluem Orquestra Vigo430 (música clássica), Metropole Orkest, Na Rota Do Peregrino (música antiga), Ikarai (jazz moderno), e Ensemble MED (música medieval) entre outros. Depois dos seus estudos académicos ao largo de duas décadas numa infinidade de facetas musicais baseadas no violino e seus derivados, graças a inúmeras bolsas de sucesso de estudo na Europa e arredores, Esin dedicou-se a “pôr tudo cá para fora" em álbuns produzidos pela própria dedicados aos diversos géneros nos quais a artista tem praticado em palco após ganhar a Outstanding Talent Award da Fundação Keep An Eye pela sua participação enquanto concertino do projeto Jong Metropole 2017 que a levou a investir em produção musical e engenharia do som, resultando na criação de CordaSonora. Os seus três álbuns a solo são a prova do início da longa jornada que se avizinha. “É preciso uma aldeia” para criar um músico. Pessoas maravilhosas que guiaram Esin no caminho que ainda trilha incluem Genoveva Burova, Bahar Biricik, Gülden Teztel, Sonat Mutver, Mario Peris Salom, Jeff rey Bruinsma, Walter Stuhlmacher, Christian Elsässer e Metehan Köktürk, entre muitos outros. Em 2024 e 2025, Esin é codiretora artística do Ciclo de Música Medieval de Leiria, e do Dias de Música Medieval da Batalha.
RICARDO ALVES PEREIRA, oud & comentários
Guitarrista, compositor, investigador e produtor, Ricardo Alves Pereira apresenta uma paixão por música que é ouvida num leque rico que inclui música clássica para guitarra, repertório medieval e renascentista tocado em instrumentos históricos como o alaúde e a vihuela, e obras modernas para guitarra clássica e elétrica escritas pelo próprio. Ricardo viajou por Espanha, Itália, França, Alemanha, Reino Unido e Países Baixos, entre muitos outros países, em busca da melhor educação no seu instrumento. Recebeu 12 prémios pelas suas performances com guitarra clássica em várias competições internacionais em toda a Europa, recebeu masterclasses de mais de 30 guitarristas clássicos ativos em todo o mundo, lecionou na Escola Superior de Música de Istambul e recebeu o apoio à investigação da Fundação GDA para os seus estudos de mestrado no Conservatório Real em Haia, onde também recebeu também a Bolsa de Excelência. Ricardo está nos bastidores de toda a música que produz, em papéis que vão desde a criação de arranjos e engenharia de som até ao design visual. Juntamente com Esin Yardimli Alves Pereira, Ricardo gere a sua própria editora independente de música, CordaSonora, que tem sido o outlet artístico dos vários géneros musicais que os dois produzem. Ricardo é cofundador do grupo de música antiga The Wandering Bard Ensemble, que presentemente recupera, desde os manuscritos originais, repertório medieval da península ibérica. É também fundador de Leyriath Assemblage, um projeto literário inspirado na música, mitos e tradições regionais da Península Ibérica. O mais recente disco de Ricardo Alves Pereira, “RETROQUEST”, editado em 2024, é inteiramente dedicado às suas composições originais para guitarra elétrica que unem o contemporâneo ao retro. Em 2024 e 2025, Ricardo é codiretor artístico do Ciclo de Música Medieval de Leiria, e do Dias de Música Medieval da Batalha.
JORGE LUIS CASTRO, canto
Barítono, poeta e pedagogo. Nascido no Porto e com origens no Minho e no Douro, desde cedo se cativou pelos encantos da poesia e da música. Após concluir o 8º grau de Piano e 5º grau de cravo no Conservatório de Música do Porto, ingressou na licenciatura em Estudos Vocais na Guildhall School of Music and Drama em Londres - que terminou com mérito - tendo estudado um ano no Conservatorium van Amsterdam. Fez também uma pós-graduação em Canto Barroco na ESMAE e Mestrado em Ensino da Música variante Canto, tendo-se especializado nas áreas do Currículo e da Inclusão Social através das práticas de canto e coro. Na área da Música Medieval, fez os cursos Manuscript to Performance, Voices & Instruments (com Mauricio Molina), Troubadour Songs (com Benjamin Bagby) e Liturgical Singing (com Katarina Livljanić) no VIII Medieval Music Performance of Besalú. Como performer solista, tem-se apresentado regularmente em Portugal, Holanda, Alemanha, Brasil e Inglaterra, interpretando desde música medieval até música contemporânea. Como produtor e diretor artístico, criou e produziu projetos artísticos e comunitários com o ensemble Trovar o Povo, o Coro da Sala de Ensaios do Teatro de Ferro e o núcleo de criação artística Aurum et Purpura, dos quais é diretor artístico. Na área da dramaturgia, integrou a 2ª edição do Laboratório de Dramaturgia do Teatro Aveirense. Foi selecionado para a III edição do Laboratório de Música em Cena “Contrapartituras” do Quarteto Contratempus, apresentando o projeto da sua autoria “Chama-se a isto sonhar.” Como investigador na área da educação artística, foi orador no Congresso Internacional de Educação Artística 2024 e é investigador colaborador no Centro de Investigação em Psicologia da Música e Educação Musical da Escola Superior de Educação do Porto, polo integrado no INET-md. Em julho de 2024 foi galardoado com o 1º Prémio de Canto e o Prémio de Melhor Interpretação de Canção Portuguesa do Concurso para Jovens Intérpretes José Augusto Alegria.
ROSÁRIO TORMENTA, canto
Rosário Tormenta, natural do Porto, é soprano e professora de Canto e Formação Musical. Concluiu recentemente o Mestrado em Ensino da Música (ESE/ESMAE), área na qual tem vindo a aprofundar o seu interesse pela pedagogia e pela música comunitária. Neste âmbito, tem colaborado com instituições como a Casa da Música e a Direção-Geral das Artes (DGArtes), integrando projetos de cariz educativo e social. Iniciou os estudos musicais aos seis anos no Conservatório de Música do Porto, onde concluiu o 8.º grau em violoncelo e, posteriormente, dedicando-se ao canto, sob a orientação de Emanuel Henriques. Prosseguiu os seus estudos na ESMAE, onde se especializou em Música Antiga, orientada por Magna Ferreira. No domínio da ópera, tem-se destacado em papéis como Serpina (La Serva Padrona, G. B. Pergolesi), Enfant (L’Enfant et les Sortilèges, M. Ravel) e Rowen (The Little Sweep, B. Britten), entre outros. Apresentou-se em diversas salas de relevo, como a Sala Suggia da Casa da Música, Teatro Helena Sá e Costa, Teatro Rivoli, Teatro Sperimentale di Pesaro, Centro Cultural Paulo VI, Convento dos Remédios, Casa Allen e Casa das Artes. Ao longo do seu percurso artístico e pedagógico, contou com a orientação de Anna Simboli, Carlos Mena, Cristiana Arcari, Fernanda Correia, Isabel Alcobia, Jorge Luís Castro, Orlanda Isidro, Sandra Medeiros e Susan Waters. Atualmente, continua a explorar novas abordagens na performance e no ensino, com especial interesse na interseção entre arte, comunidade e educação.
BALTAZAR MOLINA, percussão
Baltazar Molina é um músico e facilitador, único na forma como funde as mais distintas linguagens e técnicas musicais. Com uma forte inspiração na música do Oriente Médio e um fascínio pela experimentação sonora, a sua assinatura criativa e musical é surpreendente. Esta versatilidade, aliada ao interesse genuíno pelo cruzamento interdisciplinar, traduz-se numa abundância de projetos, colaborações e na autoria de diversas bandas sonoras para dança, teatro e novo-circo, que fazem parte de uma discografia eclética e de uma extensa lista de eventos e palcos pisados tanto em Portugal, como no estrangeiro. Nascido em Lisboa, inicia em 1994 os estudos musicais em guitarra clássica, na Sociedade Filarmónica Comércio e Indústria da Amadora. Em 1998 inicia o estudo de percussões do médio-oriente com Shokry Mohamed e em 1999 com Atef Mitkal Kenawy. Em 2002 inicia o Curso de Iniciação ao Piano e Coro, na escola Jeunesses Musicales de Lisboa. Entre 2007 e 2014 frequenta formações distintas com Zohar Fresco, Pedram Khavarzamini, Ross Daly e Éfren Lopez. Como compositor, músico e performer, Baltazar colabora regularmente em produções de dança, teatro e novo circo. De salientar as produções da Companhia Erva Daninha: ‘Noites Brancas’ (2008), ‘Trinspira’ (2008), ‘Fio Prumo’ (2009), ‘Aduela - Spera Mundi’ (2012), ‘Ú ltima Aduela’ (2014), ‘Baí nha’ (2014), ‘Savar AM’ (2017) e ‘Vã o’ (2019). Cofundador da Plataforma Al-Mah, produz seminários, concertos e workshops de renomados artistas e pedagogos internacionais, nas áreas da mú sica e de dança, entre 2002 e 2016. Como performer, instrumentista e facilitador, sã o muitos os projetos e colaborações que desde 1998 fazem parte do seu percurso, que se traduz numa discografia eclética e numa extensa lista de eventos e palcos pisados em Portugal, Alemanha, Espanha, França, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, República Checa, Estónia, Croácia, Polónia, México, Chile, Canadá, Cabo-Verde, Grécia e Marrocos. Para além da típica sala de concerto, é possível encontrá-lo em contextos de música devocional, soundhealing journeys, em aulas de dança e de yoga, como facilitador de experiências musicais na área do desenvolvimento pessoal, em retiros e no ensino de diversos instrumentos musicais.
ORLANDO TRINDADE, instrumentos vários
Nascido a 25 de outubro de 1973, Orlando Trindade tem-se dedicado à construção e conservação e restauro de cordofones, com especial interesse pelos instrumentos antigos. Desde o ano de 1998 que estuda e colabora com músicos, investigadores, musicólogos e outros construtores, fez formações com, entre outros, Fernando Meireles, Pedro Caldeira Cabral e Anna Radice (Itália), sempre com o objetivo de realizar o melhor trabalho possível no domínio da reconstituição histórica deste património. Já construiu réplicas destes instrumentos para vários grupos nacionais e estrangeiros, nomeadamente para Espanha, Bélgica, Estados Unidos da América e Brasil. Apresentou trabalhos sobre a construção historicamente informada (2011) e sobre o restauro de uma viola campaniça original do séc. XIX (2013). Colaborou com o músico Filipe Faria na reconstituição de uma viola Beiroa e uma viola renascentista, trabalho que ficou documentado numa edição em livro e num filme documental. Trabalha com Pedro Caldeira Cabral na realização de réplicas de instrumentos históricos e em intervenções na coleção deste músico e investigador. Restaurou em 2022 duas guitarras portuguesas de Carlos Paredes deixadas em testamento ao Mosteiro dos Jerónimos. Realizou palestras e exposições sobre instrumentos medievais ibéricos no Ciclo de Mú sica Medieval de Leiria 2024, e uma oficina de violaria no Dias de Mú sica Medieval da Batalha 2025. Colabora com o Museu Nacional da Música desde 2010, tendo realizado intervenções em diversos instrumentos pertencentes ao seu acervo, destaca-se o trabalho na tiorba construída por Matheus Buchenberg em 1608, pertencente à coleção deste museu, esta intervenção possibilitou voltar a ser possível tocar o instrumento. Integra o conselho consultivo para a futura instalação do Museu Nacional da Música no Palácio Nacional De Mafra, fazendo parte da equipa de especialistas que estão a trabalhar na atual campanha de restauros.
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Imagem:
Palácio da Quinta da Regaleira, Sala dos Reis, pormenor do Rei D. Dinis.